OS PEQUENOS PRAZERES DO INÍCIO DA MANHÃ

Um conto sobre os encantos escondidos nos primeiros momentos da manhã.

Plic. Pluc.

Aurora, ainda de olhos fechados, estica suas pernas e espreguiça seu corpo. Ela ora e abre os olhos. Recebe no rosto um beijo suave de seu marido. A manhã começa.

Aurora sai da cama e se encaminha para a janela, abrindo com cuidado suas folhas. O céu das cinco e meia, ainda escuro, está repleto de nuvens carregadas, e uma garoa fina cai tamborilando no telhado, trazendo uma gostosa sensação de aconchego. Plic. Pluc. O ar fresco que vem do jardim desperta completamente Aurora. Ela veste seu penhoar, calça suas pantufas e, então, usa alguns poucos minutos lavando o rosto, escovando os dentes e penteando os cabelos. Na cozinha, sua xícara a espera em cima da bancada. Ela esquenta água na chaleira em ágata e coloca capim limão no infusor. Tom, já vestido, se serve de uma torrada e, apoiado na ilha da cozinha, conversa com Aurora sobre os planos para o dia.

Eles se despedem. Tom vai par seus exercícios matinais, Aurora vai para seu devocional e estudos.

Sobre a mesa da sala de jantar, estão sua Bíblia, um pequeno caderno, canetas e sua agenda. Um vasinho de vidro acomoda alguns ramos e flores que Aurora colheu no jardim no dia anterior. O aroma delicado das florezinhas preenche o ambiente.

Ela começa seu devocional e medita sobre cada palavra que lê. Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade,

mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei. Aurora olha através da janela aberta: a chuva cessou, o sol começou a despontar. Os raios mornos e alaranjados iluminam timidamente os materiais de estudo sobre a mesa.

Com capricho, ela preenche com reflexões algumas linhas do seu caderno. Enquanto o faz, ouve a vozinha fina de seu pequeno filho chamando pela mãe. Fechando seus materiais, Aurora abre a porta do quartinho e senta-se na beirada da caminha. Bom dia, meu amor!